sábado, 28 de maio de 2016

A ESCRAVA ISAURA - Atividades referentes ao Romance

TEXTO 01
“Leôncio achara desde a infância nas larguezas e facilidades de seus pais amplos meios de corromper o coração e extraviar a inteligência. Mau aluno e criança incorrigível, turbulento e insubordinado, andou de colégio em colégio e passou como   gato por brasas por cima de todos os preparatórios, cujos exames, todavia, sempre salvara à sombra do patronato. Os mestres não se atreviam a dar ao nobre e munífico comendador o desgosto de ver seu filho reprovado. Matriculado na escola de medicina logo no primeiro ano enjoou-se daquela disciplina, e como seus pais não sabiam contrariá-lo, foi para Olinda a fim de frequentar o curso jurídico. Ali, depois de ter dissipado não pequena porção da fortuna paterna na satisfação de todos os seus vícios e loucas fantasias, tomou tédio também aos estudos jurídicos e ficou entendendo que só na Europa poderia desenvolver dignamente a sua inteligência e saciar a sua sede de saber, em puros e abundantes mananciais. Assim escreveu ao pai, que deu-lhe crédito e o enviou a Paris, donde esperava vê-lo voltar feito um novo Humboldt. Instalado naquele vasto pandemônio do luxo e dos prazeres, Leôncio, raras vezes, e só por desfastio, ia ouvir as eloquentes preleções dos exímios professores da época e nem tampouco era visto nos museus, institutos e bibliotecas. Em compensação era assíduo frequentador do Jardim Mabile, assim como de todos os cafés e teatros mais em voga, e tornara-se um dos mais afamados e elegantes leões dos bulevares”.
GUIMARÃES, Bernardo. A Escrava Isaura. São Paulo, Editora Ática, 17ª edição,1991.

01.  O tema do texto é:
A)   A descrição do caráter de Leôncio, tomando como exemplo sua conduta quando criança e adolescente.
B)   A maneira eficaz dos pais educarem seu filho único, não esquecendo de repassar a ele valores como ética, nacionalismo, amor aos pais.
C)   A situação precária do ensino no país que forçou os pais de Leôncio a patrocinarem seus estudos em Paris.
D)   A preocupação dos pais de Leôncio em relação a sua educação, primando sempre por boas universidades e professores de excelência.
E)   A triste situação de Leôncio que, desde cedo, teve que se separar dos pais para estudar fora do país.

02.  Em “(…) andou de colégio em colégio e passou como gato por brasas por cima de todos os preparatórios (…)”, a expressão destacada tem o sentido de:
A)   Passou, com muito esmero, por cima de todos os preparatórios.
B)   Passou, conforme a maioria dos alunos, por cima de todos os preparatórios.
C)   Passou, de maneira abrupta, por cima de todos os preparatórios.
D)   Passou, de maneira superficial, por cima de todos os preparatórios.
E)   Passou, de modo discreto, por cima de todos os preparatórios.

03.  O trecho “(…)Leôncio, raras vezes, e só por desfastio, ia ouvir as eloquentes preleções dos exímios professores da época e nem tampouco era visto nos museus, institutos e bibliotecas.” refere-se:
A)   À falta de interesse de Leôncio no que diz respeito aos estudos e ao conhecimento.
B)   Á necessidade que Leôncio tinha em ouvir as palestras de seus professores.
C)  Ao excesso de confiança de Leôncio em seus conhecimentos, acreditando não seu necessária tanta dedicação.
D)   Ao fato de Leôncio não entender as aulas ministradas e preferir afastar-se do ambiente acadêmico.
E)  Ao número excessivo de vezes que Leôncio era visto nos ambientes culturais da cidade.

TEXTO 02
“Mas essa tal ou qual tranquilidade só durou até o dia em que, pela primeira vez, viu Álvaro. Amou-o com esse amor exaltado das almas elevadas que amam pela primeira e única vez e esse amor, como bem se compreende, veio tornar ainda mais crítica e angustiosa a sua já tão precária e mísera situação”.
GUIMARÃES, Bernardo. A Escrava Isaura. São Paulo, Editora Ática, 17ª edição,1991.

04.  O tema do fragmento citado é típico do Romantismo Brasileiro, configurando uma forte característica dos heróis e heroínas dessa escola literária. O fundamento dessa característica é:
A)   A angústia causada pela ausência do verdadeiro amor.
B)   A certeza de que o verdadeiro amor não acentua os obstáculos que a vida oferece.
C)   A crença no amor à primeira vista e na singularidade desse acontecimento.
D)   A tranquilidade resultante da certeza de sentir-se amado.
E)   O alívio causado pela descoberta do primeiro amor.

TEXTO 03
“- Tu o disseste, Geraldo, amo-a muito, e hei de amá-la sempre, nem disso faço mistério algum. E será coisa estranha ou vergonhosa amar-se uma escrava? O patriarca Abraão amou sua escrava Agar, e por ela abandonou Sara, sua mulher. A humildade de sua condição não pode despojar Isaura da cândida e brilhante auréola de que a via e até hoje a vejo circundada. A beleza e a inocência são astros que mais refulgem quando engolfados na profunda escuridão do infortúnio.
- É bela a tua filosofia e digna de teu nobre coração, mas que queres? As leis civis, as convenções sociais, são obras do homem, imperfeitas, injustas e, muitas vezes, cruéis. O anjo padece e geme sob o jogo da escravidão, e o demônio exalça-se ao fastígio da fortuna e do poder”.
GUIMARÃES, Bernardo. A Escrava Isaura. São Paulo, Editora Ática, 17ª edição,1991.

05.  Ao utilizar-se em seu argumento o exemplo bíblico da patriarca Abraão, que abandonou sua esposa Sara pelo amor da escrava Agar, Álvaro pretende:
A)   Convencer seu amigo Geraldo de que não é loucura todo o amor devotado a Isaura.
B)  Defender a tese de que a beleza de Isaura é enaltecida graças a sua condição de escrava.
C) Explicar ao amigo que o infortúnio da escravidão sempre serviu de obstáculo aos amantes.
D)   Mostrar que a condição de escrava de sua amada aguça a ambição de seu senhor.
E)   Ressaltar que seu amor é proibido e praticamente impossível aos olhos de Deus e dos homens.

06.  Geraldo reflete sobre a condição de escrava de Isaura. Qual o ponto de vista do amigo de Álvaro?

 TEXTO 04
“ – Não gosto que a cantes, não, Isaura. Hão de pensar que és maltratada, que és uma escrava infeliz, vítima de senhores bárbaros e cruéis. Entretanto, passas aqui uma vida que faria inveja a muita gente livre. Gozas da estima de teus senhores. Deram-te uma educação como não tiveram muitas ricas e ilustres damas que eu conheço. És formosa e tens uma cor linda, que ninguém dirá que gira em tuas veias uma gota de sangue africano. Bem sabes quanto minha boa sogra antes de expirar te recomendava a mim e a meu marido. Hei de respeitar sempre as recomendações daquela santa mulher, e tu bem vês, sou mais tua amiga do que tua senhora. Oh! Não, não cabe em tua boca essa cantiga lastimosa, que tanto gostas de cantar. – Não quero – continuou em tom de branda repreensão – não quero que a cantes mais, ouviste Isaura? … se não fecho-te o meu piano”.

GUIMARÃES, Bernardo. A Escrava Isaura. São Paulo, Editora Ática, 17ª edição,1991

TEXTO 05


07.  No texto 04, Malvina se aborrece com a triste canção, que fala sobre o infortúnio da escravidão, cantada por Isaura. De acordo com o texto, Malvina:
A)  Concorda com a tristeza de Isaura, porém adverte a pobre escrava de que sua condição é bem melhor que a de outras escravas.
B)  Considera que não há a necessidade de libertar Isaura, pois a família já dedica a ela uma educação digna das grandes damas da sociedade.
C)   Destaca que a beleza de Isaura encontra-se na sua ascendência negra e que a moça deveria alegrar-se com o tratamento dedicado a ela.
D)  Mostra que Isaura deve sentir-se feliz, visto que é tratada como qualquer moça da sociedade.
E)   Reflete sobre a situação da mulher escrava no Brasil, bem como critica o preconceito racial existente.

08.  Destaque do texto 04 a passagem que reproduz uma visão preconceituosa em relação ao negro.

09.  No texto 05, a personagem Susanita expressa duas opiniões sobre preconceito racial. Indique essas duas opiniões e em qual delas Susanita realmente acredita.

10.  A personagem Susanita, do texto 05, bem como Malvina, no texto 04, expressam uma visão preconceituosa em relação ao negro. O problema da intolerância racial ainda é comum, nos dias de hoje, e atinge todas as classes sociais. Temos como exemplo atores, apresentadores, pessoas públicas em geral que sofrem injúrias raciais, através de postagens em suas redes sociais. Diante desse triste quadro, o que a sociedade ou o governo podem fazer para extinguir esse preconceito? Estabeleça ações, proponha soluções para o problema.

GABARITO
01.  A
02.  D
03.  A
04.  C
05.  A
06.  Geraldo acredita que as leis e as convenções sociais são obras do homem e, por esse motivo, são imperfeitas, injustas e cruéis. De acordo com ele, Isaura sofre com a sua condição de cativa e seu senhor, Leôncio, aproveita-se da situação para utilizar-se de seu poder e dinheiro para fortalecer seu domínio.
07.  D
08.  “És formosa e tens uma cor linda, que ninguém dirá que gira em tuas veias uma só gota de sangue africano”.
09.  Primeira opinião: Susanita não tem preconceito racial por acreditar que todos são iguais.
Segunda opinião: Susanita sai rapidamente para lavar o dedo após pegar no boneco, indicando que tem, sim, preconceito racial.
Na verdade, Susanita expressa na tirinha que possui, sim, preconceito.




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