LEITO
DE FOLHAS VERDES
Por
que tardas, Jatir, que tanto a custo
À
voz do meu amor moves teus passos?
Da
noite a viração, movendo as folhas,
Já
nos cimos do bosque rumoreja.
Eu
sob a copa da mangueira altiva
Nosso
leito gentil cobri zelosa
Com
mimoso tapiz de folhas brandas,
Onde
o frouxo luar brinca entre flores.
Do
tamarindo a flor abriu-se, há pouco,
Já
solta o bogari mais doce aroma!
Como
prece de amor, como estas preces,
No
silêncio da noite o bosque exala.
Brilha
a lua no céu, brilham estrelas,
Correm
perfumes no correr da brisa,
A
cujo influxo mágico respira-se
Um
quebranto de amor, melhor que a vida!
A
flor que desabrocha ao romper d'alva
Um
só giro do sol, não mais, vegeta:
Eu
sou aquela flor que espero ainda
Doce
raio do sol que me dê vida.
Sejam
vales ou montes, lago ou terra,
Onde
quer que tu vás, ou dia ou noite,
Vai
seguindo após ti meu pensamento;
Outro
amor nunca tive: és meu, sou tua!
Meus
olhos outros olhos nunca viram,
Não
sentiram meus lábios outros lábios,
Nem
outras mãos, Jatir, que não as tuas
A
arazóia na cinta me apertaram.
Do
tamarindo a flor jaz entreaberta,
Já
solta o bogari mais doce aroma
Também
meu coração, como estas flores,
Melhor
perfume ao pé da noite exala!
Não
me escutas, Jatir! nem tardo acodes
À
voz do meu amor, que em vão te chama!
Tupã!
lá rompe o sol! do leito inútil
A
brisa da manhã sacuda as folhas!
DIAS,
Gonçalves. Leito de Folhas Verdes
disponível em:
http://www.casadobruxo.com.br/poesia/g/goncalves45.htm.
Acesso em 05 de maio de 2016.
01. O poema de
Gonçalves Dias retoma as antigas Cantigas de Amigo do Trovadorismo. Cite que
características dessas cantigas estão presentes no poema.
02. A partir da
leitura do poema, aponte passagens do texto que apresentem as seguintes
características:
A) Presença de
elementos da natureza, ajudando na caracterização da sensação de angústia do
eu-lírico a espera do amado.
B) Crença no
primeiro e único amor. Idealização do sentimento amoroso.
C) Idealização da
mulher: submissa ao amado e ao sentimento amoroso.
03. Acerca do poema
Leito de folhas verdes, de Gonçalves Dias, pode-se dizer que:
A) Apresenta um
eu-lírico feminino que espera ansiosamente, e em vão, o retorno de seu amado.
B) Demonstra o
nacionalismo exacerbado, comum nos poemas da 1ª geração, e a exaltação da
natureza nacional.
C) Descreve,
minuciosamente, os costumes e hábitos indígenas como forma de enaltecer nossos
grandes heróis românticos.
D) Expressa o
desejo feminino por um amor idealizado e o sentimento de frustração ao perceber
que essa idealização não existe.
E) Retrata um
eu-lírico que deseja a própria morte como forma de alívio diante da decepção
que sofreu.
04. Aponte no texto
passagens que indiquem a utilização de elementos da natureza como indicação de
tempo decorrido.
05. “A flor que
desabrocha ao romper d'alva / Um só giro do sol, não mais, vegeta: / Eu sou
aquela flor que espero ainda / Doce raio do sol que me dê vida.”
Nesse trecho, é estabelecida uma relação
metafórica. Explique tal relação.
PRODUÇÃO DE
TEXTO
Transforme o
poema de Gonçalves Dias, “Leito de folhas verdes”, em uma narrativa, levando em
conta o tema central do texto.
Para criar o seu
texto, procure refletir sobre alguns pontos:
·
Onde
se passa a história? Em que época ela acontece?
·
Quem
seria a amada de Jatir? Como ela seria fisicamente? (não esquecendo sua
condição indígena) dê um nome para sua personagem.
·
Por
que motivo Jatir partiu? Para onde ele partiu? Por que ele demora em voltar?
Ele quer voltar ou não?
·
Crie
um bom desfecho para sua narrativa.
GABARITO
01. - Eu-lírico
feminino;
- Presença de elementos da natureza;
- sofrimento do eu-lírico a espera do
amado.
02. A) “Brilha a lua no céu, brilham
estrelas, / Correm perfumes no correr da brisa, / A cujo influxo mágico
respira-se / Um quebranto de amor, melhor que a vida!”
B) “Outro amor nunca tive: és meu, sou tua! / Meus olhos outros olhos
nunca viram, / Não sentiram meus lábios outros lábios, / Nem outras mãos,
Jatir, que não as tuas / A arazóia na cinta me apertaram.”
C) “A flor que desabrocha ao romper d'alva / Um só giro do sol, não
mais, vegeta: / Eu sou aquela flor que espero ainda / Doce raio do sol que me
dê vida. / Sejam vales ou montes, lago ou terra, / Onde quer que tu vás, ou dia
ou noite, / Vai seguindo após ti meu pensamento;”
03. A
04. “Da noite a viração, movendo as
folhas, / Já nos cimos do bosque rumoreja”
“Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco,
/ Já solta o bogari mais doce aroma”.
“Do tamarindo a flor jaz entreaberta, /
Já solta o bogari mais doce aroma”.
05. No trecho, é estabelecida a relação
eu-lírico / flor, Jatir / doce raio do sol.
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